ÊXITO - MUITA PARTICIPAÇÃO - CIDADANIA E DEBATE NO II SEMINÁRIO SERTÃO SECA MEMÓRIA E CIDADANIA - 1915/2015 - 100 ANOS DE SECA - UM SÉCULO DE FRACASSO DO PODER PÚBLICO - O ESTADO NÃO SÓ FRACASSOU COMO ESTÁ HAVENDO UM RETROCESSO QUANTO À GARANTIA DOS DIREITOS MÍNIMOS!


PRIMEIRA MESA: A Caminhada da Seca como Ferramenta de Manutenção da Memória e de Consciência Cidadã
Palestrantes: Júnior Holanda e Deodato Aquino
NA MANHÃ DE 09/05/2015 FOI REALIZADO O SEGUNDO SEMINÁRIO SERTÃO SECA - MEMÓRIA E CIDADANIA: O evento foi um sucesso. Realizado e produzido pela Sociedade Civil organizada, com a participação e apoio de entidades como Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais,  Paróquia Nossa Senhora das Dores, Centro de Defesa dos Direitos Humanos, Uzina Produções, Associação dos Universitários, várias associações de agricultores... tendo como articuladores culturais Valdecy Alves, Fram Paulo, Karla Samara e Mara Paula. O evento teve como eixo central: 1915/2015 - 100 ANOS DE SECA - UM SÉCULO DE FRACASSO DO PODER PÚBLICO. Tendo como principal palestrante e convidado:  Dr. Rodrigo Vieira Costa  ( Professor da Universidade Federal do Semi-Árido - RN; doutorando da UFSC; autor de livros sobre direitos culturais e patrimônio cultural, distribuídos nacionalmente; militante  das causas sociais; membro da Rede Nacional dos advogados populares - RENAP) 

Especiais agradecimentos ao Professor, estudioso, advogado e  doutrinador Humberto Cunha. A coordenação dos trabalhos coube a Dra. Mara Paula, tendo especial cobertura do blog do Walter Lima.

A PRIMEIRA MESA - QUE TEVE COMO TEMA - A Caminhada da Seca como Ferramenta de Manutenção da Memória e de Consciência Cidadãfocou o debate na questão da seca, do uso das águas, da inexistência de políticas públicas nos anos de 1915 e 1932, quando ocorreram grandes secas e, sobretudo, em 32, quando montaram vários campos de concentração no Ceará. E no ano de 2015, quando novamente falta água e não se sabe utilizar as águas quando os reservatórios estão cheios. Senador Pompeu, como todo Ceará, São Paulo e o resto do Brasil sofre com a seca de 2015. O medo de falta d'água gera tensão e está provocando até briga por água. Por outro lado, muitas comunidades encontraram água, pesquisando onde povos antigos e até mesmo índios utilizavam para colher água. Lugares que foram fundamentais para sobrevivência de várias comunidade da Seca de 2014. Lamentou-se a volta de carroças e pipas para fornecer água. Um retrocesso. A certeza do fracasso do Poder Público Municipal, Estadual e Federal. Concluindo os palestrantes  e pessoas do público que o problema não é a seca mas os políticos. 

SEGUNDA MESA: Os Movimentos Sociais, a Memória e o Aprendizado com a História
Para Convivência com o Semiárido - Palestrantes: Antonio Francisco - Fram Paulo e João
A SEGUNDA MESA - QUE TEVE COMO TEMA - Os Movimentos Sociais, a Memória e o Aprendizado com a História para Convivência com o SemiáridoA segunda mesa teve como palestrantes representantes de comunidades do meio rural e dos palestrantes Fram Paulo, que juntamente com Antonio Francisco, do Centro de Defesa de Direitos Humanos Antonio Conselheiro, trataram de vivências e mídia de comunidades de agricultores dos mais variados locais do Sertão Central. Restando claro a denúncia do mau uso das águas, da miséria no sertão, do lamento da necessidade do carro pipa e da importância das inúmeras cisternas de placas construídas, ideia original do Padre Cícero, que em muito têm contribuído para um mínimo de dignidade de milhares de famílias. Experiência vivida e compartilhada pelo próprio Centro de Defesa. Mais uma vez, a falta de compromisso dos políticos, a incompetência, a corrupção e até o uso da água como moeda eleitoral foram denunciados. Restando claro que nos últimos 100 anos pouco mudou a política da seca, por parte do Poder Público. Um dos debatedores presentes ao plenário chegou a dizer a seguinte frase:  A FAVELA É O NOVA SENZALA, A FOME E A FALTA DE ÁGUA SÃO AS CHIBATAS!
TERCEIRA MESA: Nos 100 Anos de Seca no Ceará - Por que o Poder Público não Aprende com a
Memória para Melhor Eficácia dos Direitos Fundamentais
PALESTRANTE: Dr. Rodrigo Vieira Costa - Debatedores: Robério Fernandes e Dr. Valdecy Alves

A TERCEIRA MESA - A PRINCIPAL QUE FECHOU O SEMINÁRIO - TEVE COMO PALESTRANTE O DR. RODRIGO VIEIRA COSTA - PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE E MILITANTE NA ÁREA DOS DIREITOS CULTURAIS - Teve como tema a seguinte pergunta: Nos 100 Anos de Seca no Ceará Por que o Poder Público não Aprende com a Memória para Melhor Eficácia dos Direitos Fundamentais: Dr. Rodrigo Vieira pontuou do interesse do Poder Público em apagar da história fatos como os campos de concentração construídos na Seca de 32. Que seminários como o realizado, vídeos, peças de teatro como a que foi exibida no Seminário: A VIDA POR UMA GOTA, debates, panfletos, mantêm a memória viva. O resgate da memória, a compreensão do que aconteceu, permitirá a preservação do patrimônio cultural, pela visão sobretudo dos sofridos, das vítimas da seca, permite o debate e a discussão sobre não apenas a manutenção da memória, que evita a INVISIBILIZAÇÃO da própria história, da qual se exclui fatos como o uso de Campos de Concentração pelo Estado Brasileiro. Dando como exemplo que a PARTICIPAÇÃO DO POVO - DA SOCIEDADE CIVIL - como ação fundamental, não apenas para preservação da memoria., como para lutar pela efetivação das políticas públicas. Chegando a afirmar que para preservação da memória, a participação popular, forma de democracia direta, com documentação pelas comunidades, associações, atores culturais, etc, é mais eficaz e mais importante que algumas iniciativas do Estado, como tombamento, registro, etc, que também são necessários, mas dependem de iniciativa dos governantes.  DEIXANDO COMO SUGESTÃO O INCREMENTO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR E O EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA DIRETA, como forma de não apenas resgatar a memória, mantê-la viva, mas de forçar a própria efetivação dos direitos humanos fundamentais por parte do Poder Público. 

DOS DEBATEDORES DA TERCEIRA MESA: Os Debatedores Robério Fernandes e Dr. Valdecy Alves comentando as declarações do ilustre palestrante Dr. Rodrigo Vieira teceram suas considerações. Segundo o historiador Robério Fernandes, como os que governam, geralmente são os detentores do poder econômico,a versão histórica que prevalece é a deles, não a dos oprimidos, dos pobres, das vítimas, que são vistos como os perdedores. Deu como exemplo o açude do Cedro de Quixadá, cuja versão histórica apresentada esconde a corrupção que envolveu sua construção, o fato da escolha equivocada até mesmo do local de construção do açude, que tem muito beleza e utilidade nenhuma. O advogado Valdecy Alves concluiu que os governantes sabem o que deveriam fazer, mas não fazem porque não querem. Porque em vez de utilizar o Poder Público como ferramenta para cidadania e efetivação dos direitos fundamentais, apropriam-se do Estado para seu próprio uso,para sua manutenção no poder, sendo o cidadão reduzido a meio, eleitor dependente que muitas vezes dá o voto por uma esmola, uma dentadura, uma carga d'água. Na verdade nada mudou desde 32, eles mantém o povo na miséria e na dependência e toda política pública em vez de ensinar a pescar, garantindo a liberdade e a autonomia, dá o peixe e de má qualidade. MANTER NA DEPENDÊNCIA E USAR A SECA COMO ALIADA PARA SE MANTER NO PODER. Foi assim no Império, nos primeiros anos da República quando dizimaram Canudos, na Seca de 15, quando bombardearão o Caldeira, com os campos de concentração da Seca de 32.

Palestrantes do Seminário dão entrevista na Rádio Sertão Central - Visitam Casarões e o Cemitério do Patu
Local onde foram enterradas a maioria das vítima do Campo de Concentração de Senador Pompeu


CONCLUSÃO: Sem dúvida que o II SEMINÁRIO SERTÃO-SECA - MEMÓRIA E CIDADANIA - 1915/2015 - 100 Anos de Seca - Um Século de Fracasso do Poder Público - foi um sucesso.   TEOR rico devido ao debate, ao nível das palestras e a participação do público presente no evento.  CONTEÚDO complexo, profundo, debatido de maneira honesta, franca, clara, com boa-fé. PARTICIPAÇÃO da visão acadêmica, da visão popular, das vivências, de estudiosos como alguns palestrantes. Com utilização de documentários e teatro. PERSPECTIVAS, a sociedade civil organizada, o povo, os estudiosos cada vez mais compreendem a Seca de 32, os campos de concentração, revelam a crueldade dos políticos à frente do Estado Brasileiro, que como os nazistas criaram campos de concentração onde se entrava e onde reinava a falta de dignidade e a morte. Para trás, a realidade é a mesma, basta ver a Seca de 1877, ler as obras de Rodolfo Teófilo, Euclides da Cunha, o Quinze, Vidas Secas... ASSIM, a cidade de Senador Pompeu, Ceará, Brasil, onde existe o maior museu a céu aberto de campo de concentração no Brasil e na América, precisa proporcionar o debate, a compreensão... como todos os estudos que foram e estão sendo feitas para se compreender  não apenas o povo brasileiro, o Estado Brasileiro, mas para analisar os que estão á frente do Poder Público, a observação e respeito ao que está na Constituição, possibilitando saber o Estado que temos, o que queremos... através da memória... O FUTURO PRECISA SER CONSTRUÍDO SEM OS ERROS DO PASSADO... A HISTÓRIA... A PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA ... NESSE CONTEXTO... SÃO FERRAMENTAS FUNDAMENTAIS... INDISPENSÁVEIS...

Poesia de Valdecy Alves dedicada aos Casarões do Patu:


O CASARÃO       
(Aos casarões do Campo de Concentração de Senador Pompeu)

Majestoso sobre  o alto
Solitário, antigo, assombroso...
Por contínuos ventos açoitado
Banhado por odores da mata
Sempre desperto e atento
Furtando cor aos raios do sol
Ou sob a beleza de sem igual luar

Templo de morte e de vida
Palco de dor e desespero
De incontáveis ais de morrentes
De inúmeros uis de amor

Hotel de morcegos e corujas
Sistina de pervertidos desenhistas
Metade de inferno
Cinqüenta por cento paraíso!
  
Janelas são olhos contemplativos
Portas bocas que falam
Aos ouvidos sensíveis
Os caibros absurdos sonoplastas
.........................................
Vem o sol, vão-se as chuvas
Vêm os amantes, vão-se as gerações
O casarão fica
Engolindo, fazendo e cuspindo história.



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