PATATIVA DO ASSARÉ - UM DOS MAIORES POETAS POPULARES DO BRASIL E DO MUNDO DE TODOS OS TEMPOS - HOJE EM 05/03/2017 COMPLETARIA 108 ANOS - ABENÇOADO UM PAÍS EM QUE NASCEU UM HOMEM ASSIM


Com Patativa do Assaré no ano de 2000 - em Assaré - Foto:Flávio Alves

Patativa do Assaré - 2000
Foto:Valdecy Alves
CONHECI PATATIVA DO ASSARÉ NA CIDADE DE IPAUMIRIM EM 1986 - VIAJAVA JUNTAMENTE COM TASSO JEREISSATI CANDIDATO A GOVERNADOR DECLAMANDO POESIAS E SENDO OVACIONADO PELO POVO: Foi um dia pela manhã, que conheci Patativa do Assaré. Fui para ouvi-lo, pois veio no helicóptero na comissão do candidato a governador do Ceará Tasso Jereissati, que espertamente sabia o quanto o poeta popular era querido em todo Estado, sendo por todos ovacionado com suas poesias e improvisos. Nascido em 05 de março de 1909 na Serra de Santana, meio rural da cidade de Assaré, no Estado do Ceará. De origem muito humilde, mas desde jovem se tornou uma lenda na arte do improviso em todo o Nordeste do Brasil. Pela profundidade de sua poesia, esse homero cearense, tornou-se conhecido em todo o Brasil, na América Latina, depois no mundo. Teve clássicos gravados por Luiz Gonzaga, Fagner e outros cantores. Sua poesia carregada de reflexão, de beleza, de crítica social, muitas vezes existencial. Foi o segundo de um total de 05 filhos. sua família era de origem muito humilde, como a maioria dos sertanejos do Sertão do Ceará. Começou a poetar com 12 anos de idade. Graças à beleza
dos seus versos foi apelidado de Patativa. Ave de lindo canto. Como nasceu da cidade de Assaré, passou a ser conhecido até sua morte, como Patativa do Assaré. Após o show que deu, declamando poesias no palanque do candidato Tasso Jereissati, que representava definitivamente a ruptura com os coronéis, militares que ainda governavam o Ceará, que de certa forma davam continuidade a era da ditadura no Estado. Ele desceu do palanque. Eu o procurei. Apresentei-me a ele, falei o quanto admirava seus versos e ele me disse, após muitas pessoas apertarem sua mão, abraçarem-no, alguns tirarem fotos: - Pois amigo Valdecy, dá pra me arranjar um copo d'água? Levei-o à minha casa. Dei-lhe água e por cerca de meia hora conversamos bastante


02 dos principais livros lançados por Patativa
A Capa de Ispinho e Fulô desenhada por Ronaldo Cavalcante
Tenho os dois livros autografados
Livros de Patativa do Assaré - Autografados para mim
Ele escrevia com extrema demora e dificuldade

VISITEI PATATIVA PELA SEGUNDA VEZ NO ANO DE 1994 - FIZ-LHE UMA VISITA EM ASSARÉ - CONVERSAMOS BASTANTE - QUANDO GRAVEI UMA ENTREVISTA COM ELE - INFORMALMENTE - DOCUMENTO SÓ PARA MIM - QUE PODE SER ACESSADO AO FINAL DESTA POSTAGEM: No ano de 1994, quando residia no Estado de São Paulo, vim de férias ao Ceará. Um dos planos que tinha era visitar o amigo Patativa do Assaré. Liguei para ele. Marquei o dia da visita e para lá fui. Cheguei por lá por volta das 09 horas da manhã. Fui muito bem recebido por ele, juntamente com os amigos que me acompanhavam. Passamos quase a manhã toda conversando. Tinha muitas perguntas a fazer para um homem que sabia que tinha um sabedoria imensa. Perguntei se poderia gravar a conversa. Ele permitiu. A gravação foi completamente informal. Algumas das perguntas que fiz: 1) Patativa você tem medo da morte?  2) como sua poesia é tão rica em filosofia se você nunca estudou, nem leu filosofia? 3) De onde vem o nome Patativa? Como fez seu contato com Luiz Gonzaga para gravar um dos maires clássicos da música brasileira: A Triste Partida? 4) Você ganha dinheiro com a sua poesia? etc e tal... E assim conversamos maravilhosamente. A uma certa altura o poeta reclamou da solidão, dos dias que passava sozinho ali na sala de sua casa. Sem ser visitado por ninguém. Sem ter com quem conversar. Reclamou do atraso político em sua cidade. Lamentou a derrocada do socialismo na União Soviética e a perda de referência ao Capitalismo. Vivia triste também porque a sua esposa vivia doente na cama, sem conhecer ninguém, sem poder levantar-se. Encerramos nossa conversa indo até em frente à Igreja Matriz de Assaré, que ficava ao lado de sua residência, onde lá, gravou para nós, a meu pedido, a declamação de sua poesia que considero a mais bela: A TRISTE PARTIDA. 



Com Patativa juntamente com Flávio Alves - 2000
Foto: Fram Paulo
UMA VIAGEM QUE FICOU EM MINHA MEMÓRIA - NO ANO 2.000 - VISITEI PATATIVA DO ASSARÉ PELA ÚLTIMA VEZ - ACOMPANHADO POR FLÁVIO ALVES E FRAM PAULO - QUANDO HOMENAGEAMOS PATATIVA EXIBINDO O FILME DO FLÁVIO SOBRE O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE SENADOR POMPEU - EM PRAÇA PÚBLICA - PARA MILHARES DE PESSOAS - PARA NÓS UM MOMENTO HISTÓRICO: No ano de 2000, pela última vez, tive o prazer de ver patativa pessoalmente. Quando morava em São Paulo já o tínhamos homenageado num evento por lá. No dia, até falei com ele por telefone. Ele agradeceu muito. Mas desta vez, a homenagem foi em Assaré mesmo. Em sua terra natal. À Noite, a cidade parou, as luzes da praça da igreja matriz foram apagadas para exibição do filme de Flávio Alves, sobre o Campo de Concentração do Patu. Milhares de pessoas compareceram. Jamais me esquecerei deste dia, seja como ativista, seja como poeta. Quando partimos no dia seguinte de volta a Fortaleza, estava muito triste, pois senti que o poeta estava decepcionado, desapontado com tudo e com todos, sentindo-se prisoneiro, só, pobre, inconsolável, inclusive, com a realidade política local. Pois os velhos caciques poderosos de Assaré utilizavam a imagem do poeta fora do Município para captar recursos e projeção, ao tempo que empregavam familiares do poeta, que imploravam para ele não fazer críticas para que não perdessem os empregos. Gestores políticos daqueles clássicos. terríveis. Fiquei muito triste ao ver o tamanho de sua angústia e sofrimento. Vivia de uma mísera aposentadoria de agricultor, parecia mais pobre que já era, a filha dele cobrava para permitir que pessoas falassem com ele e ao longo de nossa conversa comeu papa de milho, como se fosse uma criança. Dada pela filha, um tanto quanto mau humorada, que reclamava que tanta fama não servia pra nada. Já que eram pobres e continuavam pobres. Fui embora com a impressão que o poeta estava com vontade de morrer e vivendo por inércia.



Painel com fotos Patativa do Assaré
Fotos: Flávio Alves - Valdecy Alves - Fram Paulo

O POETA MAIOR QUE  O CAMPONÊS DESPREZADO SOCIALMENTE - IMORTALIZADO PELA ARTE DE SUA POESIA NO PANTEÃO DOS GRANDES POETAS POPULARES DO MUNDO: Dois personagens num só: 1) O POETA GIGANTESCO COMO UM DEUS - CAPAZ DE DENUNCIAR O SOFRIMENTO DO SEU POVO E FALAR DO SERTÃO COMO NINGUÉM JAMAIS FALOU E DE FORMA UNIVERSAL; 2) O HOMEM HUMILDE. SEM BENS. POBRE. UM CAMPONÊS NÃO MUITO DIFERENTE DA MAIORIA DOS CAMPONESES DO INTERIOR DO CEARÁ E DO NORDESTE DO BRASIL. Passaria por uma pessoa comum até falar... até mostrar seu afiado pensamento crítico... até mostrar sua visão aguçada e sua genialidade poética. Ter conhecido Patativa... ter conversado com ele. Ter lido sua obra. Ter feito as perguntas que eu sempre sonhei fazer a ele foi um grande privilégio. E aprendi não apenas com que ouvi... com o que li... mas com o que senti. Foi possível conhecer um pouco da alma do poeta. AQUI ESSA HOMENAGEM A ESSE GRANDE POETA CEARENSE, QUE QUANTO MAIS O TEMPO PASSAR MAIS SE TORNARÁ LEMBRADO E COMEMORADO. FAROL PARA GERAÇÕES DO FUTURO. FOI UM PRIVILÉGIO NASCER QUANDO ELE AINDA ESTAVA VIVO E CONHECÊ-LO. ESSE HOMERO DOS SERTÕES DO CEARÁ. Abaixo parte da entrevista que fiz com ele, EM 1994, gravada informalmente, eis o porquê de não ter muita qualidade técnica em vídeo - clique na imagem e assista:


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