POESIAS DE VALDECY ALVES

Sobre ser e os dilemas humanos

Tendo a nós mesmos nunca haverá plena solidão

Oh, Veneza! Oh, Veneza! Oh, mãe de Marco Polo e Vivaldi!

... o maior dos espetáculos...

O viver é uma poesia que se escreve nas páginas do tempo...

Somos seres que de um lado têm a fonteira material e do outro a não fronteira do sonho e da infinitude...

Quando se encontram no meio do céu o limite e o ilimitado mediados pelo luar

Grande parte dos dilemas são escolhas subjetivas com repercussão no mundo social...

A morte sempre é vencida... ora pela eterna transformação... ora pela inspiração...

Que rastros você está deixando a cada dia???



ÚLTIMOS RAIOS DO SOL



Os últimos raios do sol
Tingiam de vermelho todo o céu confuso de cores
Nervuras doiradas no poente, amarelado um pouco acima do horizonte
Róseo já próximo ao zênite... entre leques ainda azulados...
A noite já vestindo o nascente
Onde cintilava maravilhosa a  enorme lua cheia
Hóstia solitária de crateras e alaranjada...
Com as demais crianças
Jogava  bila no chão próximo à esquina
De quando em quando
Parando para contemplar as andorinhas
Que voavam como dançando, em frenesi
Brincando de vôos rasantes e voltando às copas das altas árvores
Tudo parecendo um sonho...
Então ... colorindo toda a minha infância
Toda a saudade do passado ideal
De onde sonhava com o futuro único
O velho relógio da torre badalava 06 horas... Então
Da  radiadora da igreja e em rádios
Todos escutavam a Ave-maria
Que cobria toda a pequena cidade como um manto
E até hoje veste minhas mais doces infantas recordações!
Ave- que saudade de tais tempos maravilhosos!
Ave que alegria no presente!
Ave como creio no futuro que será mais saudoso!!



Corpo e mente de cavalo - Asas Ilusórias de Colibri


... Pobre peixe
Hábil nadador
Confundiu dominar o nado
Com dominar o vasto oceano...

Nem, a águia dominou os ares
Tampouco o Leão
Pode julgar-se senhor da terra!
Até porque mais ferozes
Eram os dinossauros
... Mas onde estão hoje?

Assim também
É o ser humano
Perante às leis do Poder
Seja o que governa os mundos
Seja o que governa
Os governos humanos!

E os que creem
Serem os donos do Poder
Até mesmo do Poder Político
Não passam de pegasus
Cavalos como corpo
Mente de asno
Com asas, mas pequenas de colibri
Coberto das penas da imaginação!
Senhores sim!
Mas do delírio!



Para ouvir enquanto lê



                                                                            Fortaleza - 17/09/2011
                                                                                                                        À humanidade
                                                                                                                         Valdecy Alves


A humanidade inteira
Busca fugir da miséria
Desde os seus primórdios
Como o bebê busca fugir da fome
Desde o primeiro momento que mama!
Encontra segurança na maternidade
No seio, no farto e tépido alimento! ...!

Como um bebê
Com ansiedade coletiva
A humanidade criou o Estado
Engendrou a política
Que seria essa mãe, esse grande pai
O seio, a fonte de segurança, vida e
Dignidade coletiva...
Que ao logo da história
Vem evoluindo
E é mal menor
Perante toda a violência
A que toda espécie humana
Estava submetida
Nos meandros da natureza selvagem...
Todavia é necessário evoluir socialmente
Mais e mais e mais... e ... mais!

A Justiça é um ideal
o juiz uma ferramenta
O parlamento é uma força
O parlamentar um meio
O Poder Executivo a caneta
O político gestor as mãos, mas um ser...
Instituições carregam ideais
Os seres, eles, elas... meios no Estado...
Et´s e computadores
Não têm nem podem ser os gestores...
Anjos são aves de corpo humano
Que tendem a tornar-se demônios
Se for-lhes dados Poder!

Os politiqueiros, os seres continuam traindo
Os profundos ideais humanos...
Transformam a Justiça em possibilidade
Quando já deveria ser realidade
Assassinam a segurança de prosperidade e paz
Que já deveriam ser a certeza
Transforma em pó os valores nas leis
Mais sagradas
Patrimônio de toda evolução social
Da longa e penosa caminhada ao longo da história
Pó! Em pó! Como a madeira devorada pelo cupim!
Sim! Cupins dos sonhos!
Sim! Vírus de todos os ideais!
Sim! Traidores de toda ordem!
Dos mais profundos sonhos do passado
E das mais profundas esperança do futuro
Das mais cândidas e inocentes utopias
Que migraram para o panfleto
Ou que desaguaram em sangrentas revoluções...

Malditos vendilhões! Mercadores de votos!
Politiqueiros que têm como bússola
A agulha magnetizada da empulhação e da pilhagem...
Ditadores arbitrários dos cinco continentes
De todos os milênios e segundos da história humana!
Cujo sol que reina em seu mundo
Tenta devorar o universo idealizado
Lembrem-se: mundos são gotas
Universos são oceanos!

Vocês têm seus raios de corrupção!
Vocês que são a maior doença
Vocês que são a maior violência
Vocês que são os maiores ladrões!
Vocês predadores da paz...
Seu alicerce... sua base...
A ambição desmedida
A falta de valores éticos
O eleitor que vende o voto
O consciente omisso
O oprimido que não protesta
O desejo empresarial pelo fácil lucro...

Mas na vida é assim
Na doença
Ou morre o doente
Ou morre o verme!
Na realidade social
Se morre o doente
Vocês também
Perecerão juntos
Porém como está não ficará!
Revoluções maiores
Para novos paradigmas foram feitas
vocês não passam dos resquícios
Dos vermes infelizes do defunto
Que bem viveu por anos
Enquanto morrerão em alguns dias
Devorando os restos
Sem mais utilidade!

Numa eleição, nas revoluções,
Nas poesias, em peças de teatros
Nalgumas músicas de sucesso
Do Oriente ao Ocidente
Do cristianismo ao islão
Do Tibet ao frio da Islândia
Da periferia da Zona Leste de São Paulo
Às ruas de Manhattan
De Paris a Senador Pompeu
De Londres ao pequeno Ceilão
Do Atacama à imensidão da Sibéria ou do Saara...

Uma minoria crescente e palpitante
Vibra no coração da humanidade
Sabem quem vocês são
Vocês sabem quem eles são
E eles sabem que vocês sabem o que farão
Das duas uma:
Ou a humanidade procede sem vocês
Como o ser sadio pós quimioterapia
Ou como cadáver
E futuro fóssil nos sedimentos da terra
Onde hoje dormem eternamente
Os poderosos tiranossauros...
Mas o sonho é maior!
A Humanidade não fracassará
Enquanto isso:
O lixão espera por vocês!

Petulância!
          Aos que são pingos que se julgam oceanos



Deixa de ser o que é para não ser o que pensa que é!











O homem nada é
Do que sonha
No geral
É bem pior
Do que pensa...
Não se esqueçam da humildade!


É o carvão
Que sonha ser o  fogo
Que o aniquilou
E que dormita
Para crepitar
dos abismos da escuridão...

A petulância
atrapalha o despertar!

Assim a noite
Por sentir-se luz
Nem mais é escuridão
Tampouco será a luz
Que uma vez semente
Em pleno germinar


A petulância abortou!


AURORA BOREAL EM PARQUE DA ISLÂNDIA - Imagem por: Arnar Valdimarsson 


AMOR QUE NUNCA TIVE!


Meu amor 
Que nunca tive
Que saudades de ti!
Como seria feliz contigo
Meu amor que nunca tive!

E por não te  ter tido
Perdi-me na eterna expectativa
Desta absoluta felicidade
Que me enche da saudade
Nos momentos de infelicidade...
Que são a ausência da felicidade
Que de quando em quando tenho...

Bem-vinda e ternamente grato
Amor que nunca tive
Realidade que nunca testemunhei construída
Como farol eterno
Na colina da minha utopia
No deserto dos meus amores
No mundo social imaginário
De todos os meus sonhos
Irrealizados e  impossíveis...

Oh, amor que nunca tive!
Sempre indicando a felicidade
Que devo Eternamente perseguir
Em todos os campos possíveis
Na real epopéia
Da nevegação do meu dia-a-dia
no mar do meu viver!

Indo avante
Sob um céu de ilusões
Frente ao  horizonte da esperança
E do passado que se evola
Qual o cheiro do muçambê nos leitos dos rios...
Caminho num chão gretado e inóspito
Onde estacionar é a morte
Onde o destino adiante é o fim
Onde a vida está no caminhar!
E o tempo da viagem é tão limitado!

Adeus e até nunca
Utopia utópica
No campo geográfico e temporal
No mundo social e nas artes
..............................................
Que após a minha existência
Meu sonhar continue
para sempre cavalgando
No dorso das auroras boreais
Nas ondas do vento Aracati
No perfume seco das folhas cadentes
No chão do sertão nordestino...

Amor da minha vida!
Amor que nunca tive!



A MINHA IDADE
                            (De: Valdecy Alves)




Como corpo, agora,
Consta da carta de identidade
Tenho a idade cronológica...
Intelectualmente tenho milhares de anos
Já estive em cavernas
Vendo pinturas pré-históricas
Li tanto! Ouvi  rádio , vi  tv, internet...

... quanto às minhas moléculas
Quanto aos meus átomos
Toda à memória entre o núcleo
E o nervoso eléctron...
Tenho a idade do universo...

Ano zero, do mês zero, hora zero
E mesmo antes do zero, antes do nada
Pois o nada existe!
Tenho a idade de todo o infinito do ontem
De todo o infinito do hoje
E de todo o infinito de amanhã!

A morte não existe!
Como as sempre mesmas notas musicais
Mudam-se suas posições
Tem-se uma nova canção!
E antigas músicas 


Transmutam-se em memórias...


O Pensador de Rodin - Agora  High Tech



RESPONDA-ME, GERAÇÃO ROCK ROLL!

                                                                                De Valdecy Alves

Banda Scorpions,
Cadê a mudança do vento ?
Pois o vento da mudança só mudou de direção
E nada mudou da realidade!
Não mandem um anjo
Pois eles o assassinarão
Caso não o empanturrem de Crack!

Banda Queen,
Quem quererá viver para sempre
Numa realidade tão socialmente cruel?
Alguém é o amor da sua vida
Não porque completa sua vida
Mas porque é útil à sua vida
Ama-se a si mesmo no outro
Por essa, Jesus não esperava!
Parece que para ser campeões
O excesso de competição
Aniquilou com a ética!

Pink Floyd
O muro foi derrubado
Mas ergueram novos muros
De paredes invisíveis
Resistentes ao tempo e ao sentimento de justiça
E sem educação e sem professor
Não há como chegar a lugar algum!

Obladi obladá
E a vida continua
Apesar da geração rock roll
Construir um mundo nada desejável
Que por ser excesso de individualismo
Cada um se tornou uma ilha
O que deixaria Hamlet confuso!
E ao ignorar completamente o coletivo
A abelha destruiu a colmeia e
A si mesma!


Está mais claro que um homem
Nos tempos atuais
E uma mulher também
Para não ser agredido pelas feministas
Devem andar infinitos caminhos
Para “não” serem aceitos como humanos!
Sem ouvir nenhuma resposta do vento
Que só carrega poluição e radioatividade

Elvis, o rebelde
Que mais lucro deu aos conservadores
A exemplo da foto de Che
E tudo que lhe seguiu:
Pobre Marilyn Monroe
Cuja trajetória só levou ao suicídio
Madona que tal uma virgem
Tem mais hora de cama
Que um boeing de voo
E Michael Jackson
Não teve tempo
Para saber qual sua cor
Assumir-se sexualmente
Um bad muito good!
Ah, frágeis ídolos
Sem rostos e sem máscaras!

Enquanto os velhos costumes piratas
Escravizam as mentes
Ora com excesso de informação
Ora por falta ou desvirtuamento dela!
Chora mulher, chore mais
Pois mais que mudar tudo
Temos que primeiro reconstruir
A esperança e a verdadeira rebeldia
Que pode conduzir à ruptura e à libertação
Lâmpadas na infinda escuridão
Que é necessário ao voo desse inseto
Denominado: humanidade!

O PRIMEIRO RAIO DE SOL – UM DILÚVIO DE ESPERANÇA EM CADA RAIO... BASE PARA NOVOS SONHOS... PARA O NOVO PASSO DA CAMINHADA DA HUMANIDADE... - EIS A VANTAGEM DO LIVRE ARBÍTRIO

Cada amanhecer mais uma oportunidade para agir na construção do sonhado
O sonhado sonhado pode tornar-se realidade concreta
(Foto: Google)

Poesia de Valdecy Alves - Se copiar citar a fonte

Aos que se mantêm vivos com novos sonhos 
Mesmo quando pisam seus sonhos sonhados!

Sol, que em excesso é seca no sertão
Sol, que ausente é pura era glacial  e morte
Seus primeiros raios a cada novo dia...
Um convite para vida, para ação
Para continuar lutando pelos velhos sonhos
para sonhar sonhos novos!

O trânsito lá fora
É prefácio de um dia voraz
Uma moto acelera
Uma ambulância em desespero
Um ônibus que esturra
Vozes distantes
Misturam-se a cantar evanescente de pássaros...
...Som de turbina de aviões
Eclipsado pelo barulho do ventilador!

Enquanto isso
A terra completa mais um giro
Mais um círculo em sua órbita espacial
Como a vida... como todo ser vivo...
Sua essência e existência
Alicerçadas no movimento...
Porém sempre no mesmo círculo
No mesmo espaço... em torno do mesmo sol...

O ser humano
Impulsionado pelos sonhos e pelo livre arbítrio
Pode optar em caminhar sempre para frente
Evoluindo socialmente... evoluindo racionalmente...
Rompendo com os velhos círculos
Construindo extratos sobrepostos da história
Que devem ser testemunhas dos avanços sociais de cada geração
Como os extratos das eras nos recortes das montanhas
Mostram a evolução da  terra!
Não devemos caminhar sempre a velha rota
Que deve ser a base da rota nova
Sob pena de atolar-se no lamaçal do tempo...

E um novo dia virá
logo após o pôr-do-sol
Chão para novos sonhos
Para materialização da velha luta
Como alicerce para o futuro
Que será a colheita dos novos ideais
E mais um capítulo na história
... Da qual todos devem orgulhar-se...
Ou mudemos o rumo...
Então a caminhada continua
Sempre o aparente passo final podendo ser 
A base do novo primeiro passo da nova caminhada

E não tenha dúvidas!
Um novo dia
Apesar de todos os pesares
De todas as decepções e dores
Virá... como virá o novo minuto
Na vida do vivo
A resistência onde houver opressão
Em cada raio de sol do novo amanhecer
Estará viva cada célula
De uma nova Esperança do sonho
Da nova necessidade da continuidade do sonhar e da luta...


POESIA: RAIOS DE LUZ

Luz e vida
(Foto: Valdecy Alves)


Pela manhã
O raio do sol
Iluminava minha sala
Vestindo o mundo de magia...
Causando explosões de esperança!

Como se aquele raio de sol
Se estendesse à noite de minha mente
E iluminasse os porões do meu eu
Permitindo ver-me por inteiro
Compreender o mundo à minha volta
Por inteiro,,,

Varrendo de minha alma  dúvidas
Aumentando minhas certezas:
A certeza que a vida vale a pena
Que ainda que se seja um pequeno inseto
É melhor que ser uma montanha imóvel...
Que é melhor sofrer compreendendo
Que sentir-se aparentemente feliz
Na plenitude da ignorância,,,

... que aos poucos a humanidade tem evoluído
Bem menos veloz que nossos desejos
Se a história é a história de fatos que nos envergonham
Também é história da nossa glória
De criação de arte, conhecimento e invenções
Do domínio da terra
E dos sonhos de conquistar todo o universo...

O que nos torna únicos...

Pode-se verificar também
Cada degrau da caminhada
Demonstra o evoluir da caminhada
Apontando-se para o futuro sonhado

Logo,  a esperança prevalece!

Então renovem-se os sonhos
Ação para edificá-los
E o futuro da utopia
Sera realidade no novo dia!
O novo dia que sempre chega
Na luz dos raios do sol!
Pois se o sol é o sonho do verde da  terra
Nossos sonhos são o sol
do interior do nosso eu!

DISCRIMINAÇÃO - POEMA PARA DESINTEGRÁ-LA!

Só na soma da diferença que se chega à orquestra e à sinfonia
IGUALDADE É UM PRINCÍPIO - DISCRIMINAÇÃO É QUEBRA DE HARMONIA



DISCRIMINAÇÃO

                                              De: Valdecy Alves


O Francês discriminou o cigano
O cigano francês discriminou o sul-americano
O sul americano paulista discriminou o nordestino de Fortaleza
O nordestino de Fortaleza discriminou o conterrâneo da cidade do interior
O conterrâneo da cidade do interior discriminou seu conterrâneo da zona rural
O conterrâneo do meio rural discriminou o turista francês
Que era negro, estrangeiro e homossexual.

A discriminação é o alicerce
Do desintegrar social
É o solo para o fanatismo e  psicopatia 
É a certeza do fracasso individual
E uma das causas da derrota coletiva!
É como se uma nota da mesma sinfonia
Discriminando a outra nota musical
Só por ser diversa é tão única quanto ela
Quisesse ser unicamente a única
Sem ameaçar o equilíbrio sinfônico...
É pesadelo... Loucura...
Semente da destruição e do aniquilamento!

Paris – França
Abril de 2012

POESIA SOBRE A CORRUPÇÃO - O MAL QUE DEVORA ATÉ A SI MESMO!

Ouroboros -monstro mitológico que devora eternamente a si mesmo
(Foto: Google)


A  CORRUPÇÃO

                                               Poesia de: Valdecy Alves
Uma enorme boca
Um estômago insaciável
Surge da ausência de ética no corrupto
Então começa a devorar os bens públicos
Materiais e imateriais que pertencem ao povo...
Os corrompidos junto com o corrupto
Têm que sustentar tal esquema
Que quanto mais devoram
Mais precisam devorar
Como o prazer da droga
Que exige cada vez mais droga para  o mesmo prazer!

A corrupção câncer de apetite sem fim
Que consome o corrupto
Que consome uma cidade
Que pode consumir um país
Até mesmo uma civilização
Que o digam os romanos!

Para se manter intacto e impune
O corrupto alimenta centenas... mil bocas...
Mesmo quando não mais está no poder
Ainda assim... continua a ser devorado
Pela criatura monstruosa que criou...
E quando nada mais tem
No desespero... na mais infinita angústia...
Se fraco se suicida
Se forte morrerá revoltado e contrariado...
A corrupção ácido que corrói suas bases
E que se implode pelo ódio colhido

...A morte física, que sucede a morte moral,
Ocorrerá invariavelmente...
No enterro os aliados não comparecerão
Visto não terem mais o que extorquir
Os amigos não comparecerão
Pois o corrupto já não os mais terá!

Apenas dois tipos de pessoas
Comparecerão ao sepultamento
Os familiares para se livrar logo do corpo
Que é símbolo da vergonha
E os falsos caridosos
Para mascarados pela piedade
Parecerem a todos serem bons!
A ponto de não deixar apodrecer em público
O fétido miserável improbo!

                                               Atenas - Grécia - 15/04/2013

Estado-deus



O Estado
Senhor dos homens
Também presente no formigueiro
Força ! Exército ! Hierarquia !
Instinto ! Selvageria ! Veneno !
Quelíceras! fúria ! Trabalho !

Trabalho ! Trabalho ! Armazenamento! ...

Silêncio, cigarra !
Teu cantar
Fala de outras coisas
Inclusive
Que podia cantar !

O estado das formigas
O estado da necessidade
O estado da rainha
O soldado do estado...

E aí
Vem o tamanduá solitário
Que pelo estado de necessidade
Devora formigas
Com Estado e tudo !




Canto à Vida Peregrina

Escrita em 05/03/2011 - Fortaleza (CE)

Para todos que amam a vida
Que não se lembram de terem optado por nascer
Mas que não desejam a morte desde que se descobriram vivos!

Valdecy  Alves



Vi  o mendigo feliz
No sinal fatal do cruzamento da rua...
Li que o milionário infeliz
Matou sua mulher depois matou-se!
No mesmo quarto de motel
Onde fizeram amor! Amor?

Vi  o cantor de invejável sucesso universal
Em plena decadência criativa e moral
Devorado pela mídia cancerígena que o criou...




Vi  o sertanejo nos confins do interior atrasado
Entre mosquitos famintos, espinhos dolorosos
E calor insuportável...
Feliz sem os dentes
Ao lado da mulher desdentada
E seus dez  filhos desnutridos e mal vestidos...

Soube da sexy atriz e símbolo de sensualidade
Deusa de tantos desejos e onanismos
Que se jogou do prédio
Completamente drogada
Voando  para o seio da morte
Sem qualquer eficácia no arrependimento
Sem qualquer possibilidade de recurso...

Ouvi falar de um deficiente nanico, gay...
Negro, gordo  e perneta
Que ao chegar a um bar
Espantava o tédio e parecia
Trazer consigo a alegria máxima
Que despertava a máxima alegria
Em todos que o rodeavam...

Sei do cego sábio e repentista
Que se tornou lenda
Cantando e declamando suas poesias...



Muitas vezes vi  a prostituta da ponta noturna da rua
Que simbolizava todo o encanto, beleza e luxúria
Jamais vividas!
Que cobrava pelo prazer passageiro
Porém de graça espalhava contagiante felicidade
Como o sol raios de luz
Ao contrário da madame frugal, artificial
Que mal amava e era mal amada
Macaca das colunas sociais
Que cobravam fortunas para exibicionismo inútil
Prédio de alicerce fácil
Das areias do vazio orgulho...

Sei que a serpente
Sem perna e sem mãos
Respeitada e temida
Não alvo da piedade
Na maravilhosa  floresta
Onde a vida é regra
Flor que brota da putrefata morte!



Sei do morcego cego
Que mora na caverna escura
Onde também é inquilino o odor do mofo
Mas que voa e voa alto! Altíssimo!
Com as pontas das asas tocando estrelas...
Como nenhum Ícaro jamais voou!

Sei das frágeis gotas de chuva
Que se tornam rio e depois mar
Percorrendo milhares de quilômetros
Sem bússolas e sem pernas...
  
Sei do músico cadeirante
A tocar no baile em pleno carnaval
Com suas músicas e notas
Mais feliz que o mais ridente dos foliões
Com o seu pó e sua bebida
Em infinita embriaguês!






















Assim, amigo!
Assim, amiga!
Não há equação objetiva para felicidade
Não há fórmula subjetiva para o paraíso
Mas há  espaço para o sonho infinito
E para luta sem fim!
Sonhar e lutar e sonhar e lutar e sonhar...
Como o vai-e-vem das ondas do mar na praia
Como o vai-e-vem sobre a mulher amada...
Afigura-se como a maior das ferramentas!
Para maior das possibilidades!

A MAIS LONGA NOITE 

É sempre possível construir um ponto de luz na escuridão
Imagem do blog euvoocaminhando

A LONGA NOITE...

Ah, meu povo! Meus tristes irmãos,
Que longa noite vocês atravessam!
Não de 12 horas. Não de um dia
Não de uma semana...
Mas uma longa noite de meses!
Que demorado é o sol do novo dia
Não há lua, nem estrelas...
Sequer vagalumes errantes!
Sem esperança! Reféns de um presente
Que será escondido no futuro
Nas sombras da história!
Pois foram traídos, traíram-se
Ao tempo que a traição fervilha!
Cozendo-os impiedosamente
A criatura devora o criador!

Que trevas! Que escuridão!
E sopra o vento da necessidade
E troveja o terror das facções egoístas
Relampejando incessantemente a inquietação.
... Enquanto o pêndulo do tempo
Faz-se monótono e enfadonho!
Não pode haver treva maior
Nem pior sinal de decadência
Quando a esperança
Deixa de direcionar-se para o futuro!
Para ser a esperança
Do retorno ao pior vivido
No deprimente passado!
É hora de tornar-se cinzas
Para renascer! Cada um
E todos coletivamente

Necessidade e ignorância
Demagogia e oportunismo
Excesso de personalismo de governos
Submissão sem fim do governado
Só podem conduzir à escravidão!

Mas o sol haverá de vir
E a energia de sua luz
Virá da força do trabalho
Da autonomia verdadeira
Do exercício da liberdade plena
Da ação construtora
Da utopia tão sonhada!
E chegará um dia
Que de tanta luz
De saber e consciência
De Alegria e da não necessidade
Que a existência da mais pura escuridão
Não passará de uma lenda
No coração dos poucos supersticiosos!
Mas para isso e preciso luta
Necessária reação
A liberdade, a paz, a alegria
O triunfo e a glória
Só podem ser colhidos
Onde antes houver plantação!
Hora de revolucionar-se
E revolucionar!
Levantem-se! Não fiquem de joelhos!
Só de pé pode-se
Arar o chão para raízes do sonhado!
CHEGOU A HORA DE NOVA PLANTAÇÃO
SOBRE AS CINZAS DO QUE HAVIA OUTRORA!
RENASCER E REVOLUÇÃO!



                                                                        De: Valdecy Alves
                                                                        Fortaleza-fevereiro de 2012

NAS TETAS DA PREFEITURA !

O Poder Público não Pode Ser a Mãe de Alguns
Mas instrumento de Cidadania e Garantidor da Democracia para Todos


NAS TETAS DA PREFEITURA
                        
                                De:   Valdecy Alves

Poucas tetas pra tantas bocas
Pouco leite pra tanta fome
A oposição mama hoje
Pois virou situação
A situação na fila
Mamará amanhã
Quando devolver o cetro
À antiga oposição
Pois tanto já mamou...
Tão difícil desmamar!
E haverá momentos
Quando mamarão juntas!

E os demais
Que sustentam o ápice da pirâmide de mamadores?
Como Atlas
Sempre com o mundo nas costas...

Bem
Se alimentam dos dejetos
Que lhes caem sobre as faces
E nas cabeças!
........................................................................
Enquanto se equilibram com o enorme peso
No chão pantanoso.......................................
...No alto os urubus e moscas
Atraídos pelo odor!

A COLHEITA


A plantação começou com a política educacional e professores
Dando exemplo de plena cidadania em todo o Brasil


















A COLHEITA
                                                             De: Valdecy Alves


Na época de eleições
Os poderosos mesmo pouco são muitos
E disputam o poder político
Para consolidar mais ainda o seu poder...

Os muitos que são o povo
São fragmentados e divididos
Em mil formas, mil grupos, mil interesses e classes sociais...
São escravizados, seviciados, prostituídos...
Em sua maioria...

...Levados pela ignorância e pela necessidade
São condenados a mais cruel escravidão!
Pois acabam levados a agir
Num extremo paradoxal
Contra si mesmos!

Todavia, de vez em quando há um lampejo
E acerta! Outras vezes uma explosão
E tem-se uma revolução!

E haverá um futuro
Que todas datas de  eleição
Não serão datas de lampejos
Mas dias de sol intenso
Com o fim das trevas, da corrupção,
Da Mentira e da escravidão
Pois há muito se planta
... avança a educação...
... diminui-se a miséria...

E sem dúvida
Haverá a colheita!

NIVELADOS!

A  GRANDE ILUSÃO!
Deus nos enganou! Mas Somos Nossos Maiores Enganadores!












De: Valdecy Alves

Os seres vivos
Nivelam-se
Em 04 momentos
Indubitavelmente:

O DO NASCIMENTO
Quando as cores e os odores
Do mundo invadem seus sentidos
Traduzindo-se em esperança...
Nessa fase pensam que o mundo lhes pertence
E que a vida é deles...

O DA NECESSIDADE
Tributo imposto pela vida
Que os impele a agir
Para manterem-se vivos !
Mas descobrem ainda
Que a necessidade
Imposta pela cultura do domínio
Do lobo-humano para lobo-humano
É a mais cruel de todas...

O DO ORGASMO
Quando iludidos pelo prazer
Não passam de escravos da reprodução
E há quem coloque toda a felicidade
Nesse segundo explosivo!

O DA MORTE
Quando se extingue
A chama da vida
E os carniceiros
Sempre omissos
Fazem a festa !
Morte, senhora da isonomia universal:
Entre todos os homens
Entre todos os vivos
Entre tudo que há
E o que só há 
Na imaginação dos vivos!

CARNAVAIS ....


Escrevi esta poesia para você refletir a questão alegria x felicidade.

Não sei se dei sentido à minha vida
Não sei se tem algum sentido
Dar algum sentido à vida
Ou se viver resume-se a buscar sentidos!

Noite de carnaval
Com que alegria toca o carro
Capaz de ser ouvido a grande distância
Se o canto e o cantor são tão alegres
Bem sei que com o sucesso
O artista está bem rico...
Não sei se o dono do carro
E os forçados ouvintes
Têm tanta razão para sorrir
Ou se encontraram a felicidade
Que não está na canção
Muito menos no carnaval

Quantas belas mulheres nos blocos
Ideais de beleza
A sedução, o desejo, o cheiro no ar...
Risos, giros, coxas, seios, dança, rebolados...
Mas quantos amarão à noite
Quantos se terão
Sem se perder na infinitude da finitude
Do erotismo-fim e vazio ?

O carnaval das manhãs
No canto dos pássaros
Só para eles é festival !
Voam, flutuam, acasalam-se...

Mais além o morcego incomodado
O poeta inspirando-se em tais cantos
O gato castrado
Felino caçador de estimação
Contempla a ilha de árvores
Que já foi floresta
Com presas saudosas da carne
Sonhando em libertar-se da ração
Com sabor de plástico...

Um pouco mais distante
A faminta cascavel
Imunda sai do esgoto esfomeada
Fanática na direção das árvores...

Cada um com seu carnaval
Cada um buscando sentido
Espalham-se em todos os sentidos
Construindo o carnaval da história !

PREDADOR - PRESA - INFERNO



Deus meu !
Que técnica a da águia
Que perto da ave-presa
Voa de cabeça para baixo
Capturando-a pela barriga

Depois.....

Num segundo
Volta à posição normal do vôo...

A presa agora de cabeça para baixo
Esquece da morte
Fascinada pelo azul do céu
Que nunca contemplou antes
Embora sempre o tendo acima de si !

Um momento mágico
Em troca da morte
Mas antes do devoramento
Não teve tempo pra ter certeza
Se realmente viveu !

A águia à presa se nivela
Pois no cálculo da captura
Só vê a presa
Nunca contempla o céu !
Onde habitam estrelas e sonhos
Sempre pairando acima de s
i.

REFLEXÃO

Auguste Rodin - O Pensador
De onde veio o grão de areia
Da branca duna ?
Em quantas páginas
Poderia ser escrita toda a sua história ?
Por quantos astros rolou?
Quanto navegou no espaço ?
Por quantas praias? Desertos

........................................Por quantos fundos de rio girou?
Em quantos corpos fez morada ?
Imagine-se toda a história
De todos os átomos
Contidos apenas
Num ser humano ?


                                       Valdecy Alves

RELATIVIDADE DO SER




Como sou pequenino
Diante dos meus sonhos
Como sou insignificante
Diante dos desafios dos ideais
Como sou limitado
Diante dos meus desejos!

Como seria ilimitadamente nada
Sem os meus sonhos
Sem os meus ideais
Sem os meus desejos!

De Valdecy Alves
Do Livro de Poesias: Travessia
Página nº 56


Luz como símbolo de maior riqueza: O saber!
Foto: Science News - física quântica


POEMA DE UMA MANHÃ DE DOMINGO
                   De: Valdecy Alves


Você,
Homem mais rico do mundo
Se toda sua vida é para preservar
Cada centavo de sua riqueza
Nunca será além de um mísero ser
Pois a verdadeira riqueza deve ser o racional uso dos bens
Transformados em meios para o bem estar pessoal e coletivo
Não há maior miserável que aquele
Que se deixa transformar em meio para os seus bens!

Você,
Maior miserável entre os miseráveis do mundo
Se a sua vida é lamentar e esperar o milagre continuamente
É na sua omissão que se alicerça toda a sua miséria...
Tornou-se um milionário em matéria de  miséria
Acabando por aderir a um masoquismo
Fazendo da miséria uma fonte de prazer...
A maior das misérias é acomodar-se na omissão!

Você,
Maior analfabeto e maior ignorante
Servo dócil dos que lhe jogam as migalhas
Dos alimentos e do saber
Que sem você seriam lavagem aos porcos
Que sem você seriam superstições primitivas
Sabendo ou não como situar-se
No universo político e social
Sofre ao mesmo tempo como o mais rico e o mais miserável
Pois sente-se rico ao receber a lavagem
Pois sente-se milionário ao aderir à superstição
É aquele que se ver como não é
E é perfeitamente visto como é
Sobretudo por aqueles que o iludem!

Você,
Político estelionatário e mentiroso
Câncer, verme e vírus a um só tempo
O mesmo vale para falsos legisladores e julgadores corrompidos
Na Estrutura do Estado que deveria ser libertador
Da necessidade, da ignorância, da injustiça...
Sanguessuga do excesso da seiva em que se afoga
Que há muitos falta e causa morte física e espiritual
Você... Você mesmo!
Será sempre a própria vítima do seu estelionato
Ás vezes morto pelo assaltante que não teve acesso ao trabalho
Outras vezes pelo motorista embriagado que não teve acesso à educação
Algumas vezes pelo seu colega político que você enganou
Aos dividir as verbas da corrupção
Se viver em demasia morrerá envergonhado de si mesmo
Se viver pouco o mínimo usufruirá do roubado...

Rico verdadeiro
É o que é capaz de canalizar o ter para ser
Rico é o que faz da miséria seja de ter, seja de saber
Combustível para revolução de paradigmas
Rico é o que sabe para continuar buscando sempre saber
E sempre partilhar o pouco que sabe
Rico é o analfabeto que busca a leitura
Rico é o ignorante que busca a sabedoria
Por todas as ferramentas possíveis, sejam da razão, sejam do sentir...
Que saibam que é possível sempre construir um mundo melhor e mais justo
Que é necessário cada vez mais enriquecer o patrimônio
Cultural e espiritual da humanidade
Sempre... sempre... tendo a luz do sol como guia
Para nunca se deixar de crer num novo amanhã
Sempre... sempre melhor que o dia anterior!

                              Fortaleza (CE) - 26/08/2012- D.C.



O Carrilhão!





















O CARRILHÃO.......

                            Ao Mosteiro São Bento - SP

Os  ponteiros do tempo avançam
... sua vida recua...
Toca o carrilhão da catedral
Não marca as horas
Lembra-lhe o que resta de existência
Quando for memória
Nos álbuns dos descendentes
Ou nas lembranças
Dos últimos que o conheceram
O carrilhão continuará tocando!

.....................................................
.....................................................

                                                                     De Valdecy Alves
                                                                    Do Livro: Erosão
                                                                    Pág. 13



O Sacrifício

Leônidas Luta - Herói Espartano Morto Pelos Persas









                                                                              Dedico a poesia a Giordano Bruno
                                                                             Queimado por não abrir mão de suas idéias
Meu discurso
Ecoava por toda a cidade
Era tudo o que eles queriam dizer!
Mas por medo
Deliravam apenas ao ouvir-me!
.............................................................
Não havia como seus ouvidos
Nivelarem-se com a minha língua
Tampouco o seu covarde silêncio
Com a força convulsiva de minhas palavras....

E o grande opressor incomodado
Sentenciou o meu apedrejamento
As mãos dos oprimidos mais numerosas que as pedras!
Ao opressor interessava eliminar o orador
Aos oprimidos, aquele que lhes lembrava a omissão...
Davam assim mais vida à opressão
Adiando por alguns dias o inevitável amanhã!

Sem dúvida que o linchamento da voz que continuou ecoando
Já era o treinamento
Para o dia do apedrejamento do opressor!
Que como outro qualquer opressor
Não teria, tampouco jamais terá
Como fugir á fúria dos que oprimiu
Assim como as montanhas não escaparão
Á fúria das gotas d´água em forma de rios
Pois os oceanos têm sede de rios
Como o mar da humanidade
Da mais plena justiça!


À Carnaúba Numa Manhã de Sol de Verão

Carnaúba da Praia de Jericoacoara

           
A bela carnaúba
Na grande planície
Ao forte vento monótono
Dos confins do Atlântico
Bailando ! Bailando ! Fanática
Irrefreável... copa-cabelereira
Além do mundo da imaginação...





Talvez séculos se amontoam...
Em seu retilíneo tronco...
A quantos temporais
A quantas ventanias
Tem resistido magistralmente ?
Mantendo-se na paisagem
Como enfeite
Como trofeu da própria vitória !

Ès capaz assim, de resistir
Qual a carnaúba ???...!!!

 Quantas noites de luar
Quantas gotas de estrelas
Quantos concertos de anfíbios
Quantas galáxias  de vagalumes
Quantas estrelas cadentes
Presenciou, como num mundo de magia ?

Já tiveste o privilégio de presenciar
Tantas maravilhas ???...!!!

Deu vida a tantas asas aladas
Sons ao silêncio funesto
Esperança para viajores exaustos
Corpo à floresta-carnaubal
Dança ao horizonte imóvel
Silhuetas a noites enluaradas
Abrigo à vida voante
Renda ao camponês faminto
Gerações e  gerações......

Acaso sabes a envergadura de tuas asas?
se é que tens asas !
Acaso foste alguma vez causa de esperança
Se não tens sido teu próprio mal !
Acaso entendes algo da eternidade
Se não és apenas mera fração de milésimo de segundo ?!

De toda forma só tens  razão
Para invejares uma carnaúba
Ao vento numa límpida manhã de verão
Na planície do litoral !

POESIA DA AFIRMAÇÃO DA VIDA!

(Muito lida e divulgada em Portugal)
De Valdecy Alves
ÁRVORE QUE CRESCE MESMO AÇOITADA A VIDA INTEIRA PELOS VENTOS EM JERICOACOARA - CEARÁ 

Meu Deus!
Que saudade imensa
Do que nunca fui!
Maior saudade ainda
Do que jamais serei...

Mas como me sinto feliz com o presente
Tanto que já sinto saudades do hoje!


O viver não cabe numa pessoa
Um sonho não cabe numa geração
E a humanidade não é capaz de albergar
A razão divina do porquê do Cosmos...


Por fim:
A felicidade não está no fim do caminho
Mas creia: ESTÁ AO LONGO DA CAMINHADA!

POESIA PREMIADA EM 2010 

CANTO AO CEARÁ


XII Prêmio Ideal Clube de Literatura

Poesia selecionada para coletânea do XII Prêmio Ideal Clube de Literatura. Obra lançada no dia 21 de janeiro de 2010. Seu título é: CANTO AO CEARÁ.


Gonçalves Dias em sua “Canção de Exílio”, através de sua terra, homenageou o Brasil. Camões, com “Os Lusíadas”, cantou todas as conquistas dos portugueses. Homero com a “Ilíada” eternizou a história do povo grego.

Depois de muitas andanças pelo Estado do Ceará e continuo peregrinando, escrevi um canto ao meu Estado natal. Inspirado, sobretudo, pela cultura e pelas paisagens. Se gostar divulgue. Se quiser e puder, comente! Que os que não forem cearenses consigam ver o Ceará pela lente da minha poesia, os que forem cearenses, caso não gostem, minhas desculpas. Boa leitura e espero agradar:


Não sou amigo de Homero
Nem sou parente de Dante
Licença, pois vou adiante
Com nada me desespero
Virgílio me inspira, eu quero
Apoio me dá Camões
Vieira com os seus sermões
E a força de Patativa
Vem Cego Aderaldo e ativa
Razão, sentir, emoções

Com todas as forças penso
Minha mente um reboliço
Protege-me Padim Ciço
Benção de Beato Lourenço
Meu pensar fica então denso
Avisto Frei Damião
Ibiapina dá-me a mão
Enfrento universo inteiro
Ao meu lado Conselheiro
Dos deuses a proteção

Das páginas da Iracema
As brisas da inspiração
E da Normalista, então
O real invade o tema
E de Galeno o Poema
De Raquel a força bruta
Do Quinze que o país enluta
Reforcem minha criação
Fogo à imaginação
Que brote poesia astuta

Paisagem bela e lunar
Na praia de Morro Branco
Vou-lhe confessar sou franco
Jericoacora não há
Igual éden, duna e mar
Serras de Baturité
E de Araripe da fé
Chapada da Ibiapaba
No alto o Ceará se acaba
Ao infinito onde der!

Corre o Rio Jaguaribe
Atravessando o sertão
Em tempos de sequidão
Artéria que não se inibe
Produz riqueza e PIB
Ao norte o Acaraú
Com o Rio Coreaú
São construtores da vida
Às suas margens o homem lida
Irrigando o solo nu

Tem a gruta de Ubajara
Os casarões de Icó
Crato, florestas que só
As dunas que o vento apara
Seco sim, mas não Saara
Lugares dos mais insólitos
Tem Quixadá dos monólitos
Tem mar, serra e sertão
Mulheres belas que são
Senhoras de homens acólitos

Ceará de sol intenso
Nas praias bronzeador
Carrasco no interior
Pai da seca e calor denso
Do sertão sem fim, imenso
Pátria do mandacaru
Banha-o a bica do Ipu
Tem único e ímpar luar
Carnaubais a dançar
Sob céu sem igual azul

Ceará doce Ceará
Do corajoso vaqueiro
Da praia do jangadeiro
Do artesão, renda e cantar
De repentistas a criar
De grandes compositores
Paraíso de escritores
Tapioca e rapadura
Que leva o turista à loucura
Com seu povo, o belo e cores...

Mesmo o cidadão que emigra
Pro Norte ou Sul do país
Kafka eterno infeliz
A distância causa intriga
Mesmo a miséria inimiga
Não o separa da terra
Que seu alicerce encerra
Sempre sonhando voltar
Com vida ou pra se enterrar
Nada atrapalha ou emperra

Tão grande amor instintivo
Não há maior sentimento
O voltar melhor momento
O partir fá-lo inativo
E da saudade cativo...
No Ceará o forasteiro
Seja rico ou sem dinheiro
Que resolve nele morar
Atesta no paraíso estar
O melhor do mundo inteiro!



O CÉU DE MINHA TERRA 

DE: Mozart Souto - NOITE NA CAATINGA



















As estrelas se amontoam
Chorando riscos luminosos
No céu da minha terra
Como abelhas em colméia.
Buscam mirar-se na barragem
Escutando segredos noturnos
Contados pelos velhos casarões.
Mas sei e bem como sei
Que invejam e admiram-se
De mulheres de minha terra

A lua nasce mais sanguínea
Retardando sua caminhada
No céu de minha terra...
Revelando lentamente
Os lajeiros de minha terra,
Silhuetas de mandacarus
Onde tomou forma de espinhos
A crueza da realidade.
Banhando os casebres de taipa
Juntando-se aos sonhos
Que fogem pelas brechas dos telhados
Tornando maravilhosa mais
A maravilha que é minha terra!

Planetas fazem do espaço passarela
Constelações se exibem infinitamente
Enquanto o Aracati
Atravessando a escuridão
E sendo partido por raios luminosos
Faz a mata falar
Com os estalidos de galhos fantasmagóricos
Do lunático dançar!
Do solo vê-se o túnel do infinito
Zênite acima
Enquanto a sábia coruja voa
Despertando assombrações
Com o som de suas asas!
O fantástico... o surreal... O improvável...
Habitam a noite e o céu da minha terra.





















O CASARÃO
(Aos casarões do Campo de Concentração de Senador Pompeu)

Majestoso sobre  o alto
Solitário, antigo, assombroso...
Por contínuos ventos açoitado
Banhado por odores da mata
Sempre desperto e atento
Furtando cor aos raios do sol
Ou sob a beleza de sem igual luar

Templo de morte e de vida
Placo de dor e desespero
De incontáveis ais de morrentes
De inúmeros uis de amor

Hotel de morcegos e corujas
Sistina de pervetidos desenhistas
Metade de inferno
Cinqüenta por cento paraíso!

Janelas são olhos contemplativos
Portas bocas que falam
Aos ouvidos sensíveis
Os caibros absurdos sonoplastas
.........................................
Vem o sol, vão-se as chuvas
Vêm os amantes, vão-se as gerações
O casarão fica
Engolindo, fazendo e cuspindo história.





A liberdade
Não está na planície sem fim
Tampouco na imensidão do céu.
Ela é móvel feito o vento
Arisca tal a raposa
Pode estar até mesmo no passado...
... no futuro ...
No sonho impossível..................
Contudo.....................
.........................jamais
Estará além do interior do humano























CRIAR

A Criação
É como a força das águas imperceptíveis
Que viajam nas entranhas da terra
Abrindo caminhos, formando carvenas...
É como a força que de uma só vez
Faz com que todas flores desabrochem
Dando início à primavera,
É como a mais exagerada solidão
Que invade um ser, sem pedir licença,
Sem a menor explicação...
É desse jeito a inspiração do artista
Que cria, cria e cria
Quando vem à tona de sua consciência
Em forma de arte
Todas as respostas produzidas por seu íntimo
Estimuladas por sua intuição e dúvidas.
A obra criada é uma erupção intelectual
Necessária à existência do artista
Às grandes questões de sua época,
Sem a qual o ente individual criador enlouquece
E o ente coletivo perde parte de suas fantasias,
Esperança, consciência e sonhos.















INSIGNIFICANTEMENTE INSIGNIFICANTE

Fui pela porta
como se engolido
Depois cuspido
Na calçada da rua,
Tornando-me pequeno
Frente ao sobrado
Nada comparado
Aos prédios da rua.
Fui caminhando
Nada no bairro
Mancha no mapa
Da megalópole
Tão minuta
Apenas cicatriz
Na pele da terra
Grão de areia azulado
Mal perceptível
Na via-láctea
Que nada é
Em meio ao cosmo...
Nós o que somos
Em meio a tudo???





















Vermelhos feito morango
Vermelhos sangue da vida
Vermelhos sangue do amor
Pequenos, pequeninos, carnudos.
Carnudos feito o pecado
Não o pecado da dor.

Atraem eternos beijos
Cálidos pela saliva
Sensuais em sua cor.
Murmuram, estalam,tocam, resvalam...
Plantam sonhos, acordam instintos...

São  passaportes
Ao limite extremo
Da extremidade sem fim
Do último inexistente extremo
Do mais extremo paraíso.



A palavra

Contém  força das bombas
A velocidade da luz
A diafaneidade do ar

A palavra
Em sons, tem o começo, o fim...

Alberga segredos
Revela mistérios
Possui cheiro, sabor
Contém o instante
A própria eternidade...!!!
Tem muito mais continuidade
Que as contínuas ondas do mar
É o tempo... o espaço... o Universo
Tudo... a ilusão.o nada.. 




RESPOSTA A HAMLET

Ser sempre ser
Sendo-se ou não o que se foi
Eis o fim da questão!
É muito mais exemplar o alpinista
Que resvala a morte para amar a vida...
O aventureiro, o utopista, o visionário...
Os que buscam descobertas onde plantar seus sonhos...
O doente terminal esquelético, pálido, assanhado
Que faz da esperança o último sustento da vida...
Ninguém jamais voltou de além-túmulo
E um dia até recordações perecerão,
Enquanto o tempo arrastará tudo ao futuro
Gerando o presente e o passado.
Vida! Vida a vida! Viva a quem com vida a vida vive!
Pois até o suicida ou os que se acomodam com idéia da morte
Fazem-no  porque a interpretam como continuidade da vida!
Ser sempre ser! Eternamente ser! Sem mais questão!
Como a estrela, o pássaro, a flor, o verme...
Embora contra vontade arrastados montanha abaixo
Pela avalanche dos ciclos contínuos.
O dia a mais naturalmente a menos
Pouco importando...
Ser como a semente, que acorda árvore,
Como a lagarta, que desperta borboleta
Como as pedras redondas nos fundos dos rios
Que rolam... rolam... rolam... !
Até transformar-se na areia branca da praia
..............................................
A resposta está em tudo que há
Sendo ou não o que sempre foi
Enquanto avançam os ponteiros irrefreáveis do tempo
E a constância
É ser simplesmente mutável...



DEUS

É uma causa  indubitável
Uma conseqüência incompreensível
Um mistério indecifrável
Um contato impossível
A maior criação necessária
Criatura dos homens
Criador de universos
.....................................




Perceptível na grande obra cósmica
E nos limites da percepção
Dos sentidos humanos,
Que sequer  permitem
Conhecer o universo interior
Ou capta fidedignamente o mundo ao redor.

Dispensa fé, termos, reverência, orações...
Não está acima, nem abaixo ou dos lados
Está... Esteve... Estará...
No que inexiste...
No que existe...
No que virá existir!



















O ESPELHO

Espanto-me
Ao ver minha imagem refletida.
Vendo-me por inteiro
Cada fronteira do meu limite físico.
Mas quando olho meus olhos
Bem no centro dos meus olhos
Onde parece haver uma luz
E tento penetrar nas raízes desse brilho
No mundo além do brilho.
Percebo que no mundo há segredos inacessíveis
Começando do nosso universo interior
Ao qual não temos acesso
Mas sabemos ser tão infinito
Quanto a infinitude do mundo
Que sentimos existir além das estrelas.
O paradoxal desse mundo interior
É ser infinito dentro da nossa finitude física!
Sermos tão ignorantes
A ponto de convertemo-nos em segredo
Até para nós mesmos.
















O Carrilhão

Ponteiros do tempo avançam
Sua vida recua
Toca o carrilhão da catedral
Não marca horas
Lembra-lhe o resto de existência...
Quando for memória
Nos álbuns dos descendentes
O carrilhão continuará tocando...

(inspirado pelo carrilhão do Mosteiro São Bento – São Paulo)









O veneno da cobra
Goteja em forma
De Inocente orvalho...

A morte
Como o vazio e a noite
Em tudo se encontra
Na infinitude das galáxias
Na gota de veneno...


DESVIDA

O homem
Abusa tanto do direito à vida
Que é o único que caça
Por esporte
Que mata por ciúme
Que assassina em nome do deus
Que pratica genocídio pelo lucro
Que pune com pena de morte
Que quer, planeja
E pratica o suicídio...




BRILHANTES


Objetos brilhantes
São os que refletem luz
Homens brilhantes
São aqueles
Cuja luz
Nasce de si próprios.

Mesmo o mais valioso diamante
Apenas desfaz raios de luz
Assim necessitamos
Realmente
Mais de seres humanos
Com luz própria
Que de brilhantes !

A PEDRA DA MONTANHA


Uma pedra
Na encosta da montanha
É apenas mais uma pedra
Que um dia partiu-se casualmente
Rolando casualmente
Até estacionar
Se algum dia a pedra
Entender por si só tudo isso
Terá despertado para consciência
Que nada significará para montanha...
É exatamente assim
Que se pode definir
Todo o conhecimento humano


ESTRUTURAS


A estrutura social
Toda a engrenagem do Estado
E toda a tecnologia
Não conseguiu dar a humanidade
Individualmente
O que o piolho
E a pulga isoladamente
Alcançaram instintivamente



OS DEUSES DA MINHA ESTANTE


Linda a escultura de Júpiter
Na minha estante
Da Grécia o deus dos deuses !
Ao seu lado: Vênus, Baco, Marte...
Os deuses egípcios rivalizam com eles
Tanto na beleza dos mitos
Quanto na aparência
No material em que foram esculpidos.
Há alguns deuses indígenas
Não poderiam faltar deuses persas
Muito menos deuses incas, astecas, maias...
Todos na minha estante !


Tantos homens morreram
Pela fé em tais deuses
Tantos medos, tantos paraísos,
Tantos infernos, castigos, milagres, batalhas...
Tanto foi o poder político e religioso
Daqueles que os professaram
Tantos os estados
Deles parceiros
Ou neles totalmente alicerçados...


Há os deuses de hoje
Que daqui a 1.000 anos
Em alguma estante
Destituídos do seu poder
Pelo tempo e pela razão
Serão meros enfeites
Símbolos da história da civilização !

RENE MAGRITTE


HOMEM INDEFINIDO


A pobreza

Democraticamente se espalhava
Por toda a favela de compensados e flandres...
A miséria arquiteta
Tornava-se obra verdadeiramente abstrata !
O diabo se existisse
Tinha de piratear tal inferno !!!

Palco de caridade
Atestado de inutilidade do Estado
Destinatário de loucos profetas
Dos discursos mais estapafúrdios
Onde a esperança
É fio condutor do desespero
E alicerce para demagogia...

Ali estavam os pobres
Até mesmo de conhecimento...
Ali reinava a miséria
Até que um dia chegou o fogo...

Que fez até o bombeiro correr...
Fogo menos cruel que o pesadelo
Mais redentor que o Estado
Mais eficaz que os politiqueiros...
Tudo foi reduzido a cinzas...
A uma cicatriz no mapa da cidade...
O fogo foi-se mais uma vez...
Mas os candidatos... os profetas
Os demagogos... diferentemente do fogo
Continuava consumindo os sobreviventes;;;

A miséria era tudo que tinham
Seu único patrimônio queimado...
Nem mais a miséria possuíam !!!
Não sendo mais um miserável
Pois perderam até a miséria
Caro ser humano, caro leitor,

Defina então tal criatura !!!


“ Ao favelado vítima de incêndio”


O ÚLTIMO VOO


Era uma vez um rico
Mal enterrado
Com espaço na lápide
Para o mundo exterior
Donde veio a mosca
que plantou filhos
no corpo inerte
que sumiu do túmulo
voando-se miríade de moscas
que partiam uma a uma
pela brecha do jazigo
enriquecendo o mundo de insetos
como o aeroporto o céu de aviões


BALADA DO OPERÁRIO


Os operários

Que fabricam lâmpadas
Que espantam a noite
Vivem numa noite
Sem vagalumes
Sem lâmpadas
Sem estrelas...
A não ser a de cinema
Estrela imperiosa
Que sem ser deles
Já os traiu !



O RIO DA MINHA VIDA


A cidade parava como em transe
Todos os becos ao amanhecer
Repletos de gente contemplativa
O rio Banabuiú de águas barrentas
De barreira a barreira
Um mar de água vermelho
Odores, verdores, esperança, sinfonia invernal...
Cantos de pássaros mil


O rio arrastava árvores
Corroía os velhos barreiros
Descia volumosamente lento
Porém rápido e voraz
Em redemoinhos diabólicos e mortais
Espumando como se odiando o mundo
Carregando árvores, entulhos de galhos secos
Tudo à deriva nas águas turbulentas...


Em meio aos adultos contemplativos
Criança curiosa tudo ouvia
Histórias do rio, de invernos...
Banhistas pulavam da ponte do trem
O vento de inverno cheiroso soprava
Como tocando as águas
Como aboiando o tempo...
Rio maior era o nosso rio da vida
Não é difícil ser tronco à deriva
Difícil é ser navegante !


Todos se foram feito as águas
Gerações são como águas de inverno
O leito sempre o mesmo, o leito do tempo...
O que está por vir, esperança
O que já se foi, passado a não volta


Hoje, silêncio, rio seco
Verão no hemisfério, verão em minha vida
Tantos daqueles que contemplavam
Tantas vozes,sorrisos, olhares, presas em túmulos
Recordações do túmulo da minha infância
Contemplando o rio vazio
Ainda arrastado pelo rio da vida
Creia: não é possível derivar
Tampouco ser navegante em rio vazio...



O PORCO


O porco
Pensa
Que todo tratamento
Que lhe dispensa
O fazendeiro
É mordomia

Assim
Muita gente é tratada
É não sabe o destino
Que lhe reservam!



O NOVO COLISEU


O assassinato
Chocou o país
O matador
Trucidou as vítimas
A imprensa trucidou o criminoso...

E no mar do sangue televisivo
Dedos, mãos, olhos, tripas, vísceras...
Alavancou a monstruosa audiência
Os anúncios tornaram-se mais caros
Vendeu-se como nunca


Viva ao novo Coliseu!
Viva aos novos gladiadores!


A morte no vivo comércio
As cédulas de vermelho sangue



A ESSÊNCIA DO VAZIO



Na solidez da parede
No alicerce...
Está a segurança da casa...
Que só é útil
Graças ao vazio existente
Entre as paredes...


Narciso (1594-1596), Caravaggio

O CÃO


O cão ladrava
mais furioso
cada vez que ouvia
o furioso eco
do próprio furioso latido...
ódio do outro cão
ódio de si mesmo
no espelho de sons...
assim na política
é a situação e a oposição...


Stalin, Roosevelt, and Churchill


POLÍTICA E POLITIQUEIRO


A política é a beleza
O politiqueiro a monstruosidade
A Política é a solda do coletivo
O politiqueiro exemplo de egoísmo extremo
A política é o sonho
O politiqueiro o pesadelo
A política tem o sabor do prazer do amor
O politiqueiro o sabor do amor pago
A política borbulha dos profundos ideais humanos
O politiqueiro é o fruto máximo da mediocridade
A política palmilha as sendas do caráter
O politiqueiro caminha nas veredas do oportunismo
A política busca o bem individual
A partir da felicidade geral
O politiqueiro busca apenas o bem dele, um !
Sacrificando o interesse comum


A política é arauto do futuro
O politiqueiro não vai além do agora
A política vem a cavalo na libertação
O politiqueiro é profeta da escravidão
A política é intenção saudável em toda plenitude
O politiqueiro o tumor maligno da perdição

A política deve ser cultivada
É a semente da utopia
O politiqueiro deve ser extirpado

É o foco da metástase da não esperança !



AO ADOLESCENTE ASSASSINADO


O vermelho do teu sangue
Rimou com o vermelho do sinal
A tua vida se esvaindo
No respirar ofegante da mesma cor
Do ofegar do assaltante em fuga

Foste colocado num buraco
Feito na terra
Com a mesma violência
Do buraco a bala
Escavado em teu corpo !
Fugiste da vida
Para o estômago da terra
Como assassino sumindo
No escuro do beco
Para o estômago do nada
Homens
Células que se devoram
Cultura-câncer maligna !



AMOR CÓSMICO


Foi-se minha nave

Na Galáxia escura
Que Vomita vida
Que fornece mundos de prazer
Localizado no universo
Do centro das tuas pernas




O Grande Dragão-Sem-Cor
(Com imagens do google maps earth  - A Barragem do Patu fotografada do satélite - tem forma de um dragão)




Dragão senhor da terra
Dragão devorador de homens
Dragão devorador de mulheres
Dragão devorador de velhos, de crianças, de bichos
Dragão da fornalha que é o sertão central
Dragão que devora o verde e a esperança
Dragão que devorou a ética
Dragão que pariu o Campo de Concentração
Dragão qual louca sucuri
Dragão que quase tudo
Devorou na Seca de 32
Dragão besta-fera,  a 666
....................................................
Dragão que continua vivo
No ácido devorador da politicagem...




Dragão no seio do Brasil
Que dragou e draga sonhos
Que draga a vida
Que draga a morte
Que draga possíveis destinos
Que draga até a sorte...



Dragão-serpente que fez morada
Dragão-cobra que veio da China
Dragão-pássaro-emplumado
Dragão filho de Quetzalcóatl
Dragão que pousou no sertão central cearal
Dragão de estômago fornalha
Dragão devorador carcaça
Dragão devorador em corpo de água incor
Dragão sertão seco cor de leão...
Dragão ora filho da água, ora filho do sol...




Dragão que a tudo mete temor
Dragão pois que tudo devora
Dragão faminto no crepúsculo
Dragão faminto na aurora
Dragão insaciado do ontem, do hoje e do amanhã...



Dragão-sem- cor
Dragão, que venha um São Jorge
Dragão das águas do Patu
Dragão que deve ter como destino a morte
Dragão que tem a serra-Patu por travesseiro
Dragão que defecou o cemitério da barragem
Dragão que vomitou tantos maus políticos
Dragão que reina sob o sol escaldante
Dragão que cospe fogo nas secas
Dragão que cospe água nas chuvas
Dragão que de uma forma ou outro continua
Devorador em Senador Pompeu
Dragão buraco-negro
Dragão com tentáculos bocas urticantes
Dragão senhor, deus e diabo do sertão central

__________________________________

Comentários

João Herculano disse…
Quero agradece-lhe a visita feita ao meu Blog "COISAS DO BRASIL" e quero dizer que inclui o seu Blog na minha lista de seguimentos nos Blog´s "ESPAÇO DO HERCULANO, FLASH MISSES, LUZ CAMERA AÇAO SLIDE alem de COISAS DO BRASIL" todos são blogs meus e lá voce vai estar, pois sua pagina é fantastica. Abraços
Isaias disse…
Quero agradecer a visita ao meu blog SCRIBA, sou professor de História e estou tentando com os meninos(as)da 6ª série construir um blog sobre a cultura regional, em Vitória da Conquista-BA, sua visita é uma honra.
Como trabalhamos também com cordel também gostaria de conhecer o texto Direitos humanos em cordel e saber se posso usá-lo com os alunos.Abraços
Isaias
VALDECY, LINDOS E INTENSOS VERSOS, BELAS IMAGENS E ALÉM DE TUDO, UM BELO BLOG!!!
PARABÉNS!!!
EXTRAVASA

Extravasar pra mim é diluir-se em letras
Beber da fonte que jorrou em choro sem disfarces, sem medos ou vergonha; a verdade ainda que rude, grulha ou enfadonha, merece apresentar-se em palco de identidade cultural.
É de direito todo feito de cunho familiar.
Ainda que tenham colocado sal no meu mingau, hei de cozinhar.
Degustando até o fim, não adianta se esquecer de mim, que volto e viro a mesa, extravasa a realeza desse menino popular.

Tiago Ortaet®
Dalinha Catunda disse…
Olá Valdecy,
Hoje, com mais tempo, voltei ao seu blogue. Li alguns poemas que e fui me encantando ao longo da leitura. Porém o que mais me tocou foi " O Rio de Minha Vida".
Obrigada por apontar-me o grupo maravilhoso, onde participar é gratificante, mesmo!
Obrigada pela visita também.
Meu abraço,
Dalinha
Anônimo disse…
Não sei já como cheguei aqui, mas estou a gostar. Dos poemas e do resto. Vou continuar a passar!
E já agora deixo-lhe aqui o meu blogue:
http://flordocardo.blogs.sapo.pt

Abraço! *

a) flordocardo
Olá Valdecy. Obrigada pela visita. Já estou seguindo. Seu blog está adicionado à minha lista. Abçs
Mariana. disse…
Oláa (:
Vim agradecer pelas visitas, espero que volte sempre ao meu espaço assim como eu sempre estarei por aqui.
Adorei o blog... encantador e verdadeiro... lindo pela essência, lindo por ser único.
Abraços!
Maurélio disse…
Magnífico o seu blog Valdecy poesias e imagens maravilhosas.
Grato por sua visita ao meu blog Poeteiro de rua.
Um grande abraço
ASSIS JÚNIOR disse…
Excelente trabalho, envolvendo imagens, poesia e História. Aqui em Senador Pompeu seu nome é muito respeitado e agora eu entendo a razão. Felicidades.
ASSIS JÚNIOR disse…
Excelente trabalho, envolvendo imagens, poesia e História. Aqui em Senador Pompeu seu nome é muito respeitado e agora eu entendo a razão. Felicidades.
rita cassia disse…
Dr.Valdercy,obrigado por premitir que eu viagem com você nestas tão belas paisagens e versos encantadores...Você é realmente um artista nato!Parabéns.
rita cassia disse…
Dr.Valdecy,parabens por tão lindos versos grandiosas belas imagens que penetram no mais profundo da alma!
VALDEJANE COSTA disse…
Obrigado por nos deixar viajar nas suas mais belas palavras e poesias, você é sensacional. Parabéns!
Anônimo disse…
Muito legal a suas Poesias, profundas e bem interessantes como sempre :D vc e um Poeta muito bom , Belas imagens vc esta de Parabens , vc e sensacional, Felicidades beijos... Walleska
Peço desculpa por só agora responder ao seu comentário em Laços de Poesia. Obrigado pela sua visita. Estive a ler alguns dos seus poemas e gostei. Tem um bom espaço aqui.

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